17 abril 2009

17/04/09 - 09:40
(Parte 04)
"Unção Divina para Ministrar a Palavra"
Quarto, se quisermos lábios ungidos, devemos falar com fervor, intensidade e convicção. Se não acreditamos na urgência e importância daquilo que falamos, por que nossos ouvintes iriam dar valor? Eu sempre me pergunto, quando estou ouvindo a pregação ou o ensino da Palavra de Deus: onde está a paixão? As multidões ficavam atônitas com o ensinamento de Jesus, porque ele ensinava com autoridade, e não como os escribas (Mt 7. 28-29). Quando alguém se levanta, deve falar com a convicção de estar transmitindo as palavras de Deus (1 Pe 4.11). “E assim, conhecendo o temor do Senhor”, escreveu Paulo, “persuadimos os homens....” “Pois o amor de Cristo nos constrange....” “Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.” (2 Co 5.11,14,20). O interesse do apóstolo Paulo não era levar mais informação às pessoas. Seu anseio expressava-se em súplicas, apelos de coração para que os pecadores se reconciliassem com Deus. Em outra carta, ele escreveu: “Meus filhos, por quem eu sofro novamente as dores do parto, até que Cristo seja formado em vós...” (Gl 4.19). Havia intensidade e convicção.
Leonard Ravenhill, em seu clássico Por que tarda o pleno avivamento?, diz: “Um título que se ajustaria inegavelmente à igreja dos nossos dias é ‘Nós não lutamos!’. Preferimos exibir nossos dons, naturais ou espirituais; transmitir programas com nossos pontos de vista, políticos ou espirituais; pregar um sermão, escrever um livro ou corrigir um irmão em alguma questão doutrinária. Mas quem vai avançar contra as fortalezas do inferno? Quem terá coragem de dizer um não peremptório ao diabo? Quem abrirá mão de comida deliciosa, boa companhia ou lazer merecido para lutar contra o inferno, envergonhar demônios, libertar cativos, despovoar o inferno e deixar, como resposta às dores de parto, uma multidão de vidas lavadas no sangue de Jesus?” Para isso, é preciso que haja fervor e convicção.
Quinto, Deus nos conclama a confrontar os corações e as vontades de nossos ouvintes. O objetivo é transformar e não meramente informar. Não queremos que nossos ouvintes limitem-se a saber mais sobre Deus, mas que esse conhecimento transforme sua maneira de viver. Vemos esse elemento de convicção no Novo Testamento. Os judeus “sentiram o coração traspassado” após ouvirem Pedro, no dia de Pentecostes (At 2.37). Depois que Estevão pregou, eles “enfureciam-se nos seus corações” (At 7.54).
É comum se ver hoje convicção de pecados, pessoas sendo compelidas pelo Espírito Santo a se dobrarem diante de Deus? Na história dos avivamentos, esse elemento sempre esteve presente, um senso predominante da presença de Deus e uma profunda convicção de pecados.
É claro que essa é uma ação do Espírito, não podemos produzir ou programá-la. Mas creio que é muito importante entender o papel da exposição da Palavra de Deus. Se a Palavra de Deus não estiver presente, não haverá poder. É uma questão de ilustrar com as Escrituras, fazer uma aplicação prática e depois confrontar a vontade. Faça perguntas que possam tocar a consciência, perguntas diretas que sondam o coração, que não admitem rodeios. O que vai fazer sobre isso? Como está sua vida em relação a essa verdade? O que vai fazer a respeito de tudo que acabou de ouvir?
Em sexto lugar, peça uma resposta. Não se contente em pregar ou ensinar para passar informação; busque uma resposta, uma transformação. Cada vez que somos expostos a uma verdade da Palavra de Deus, exige-se uma resposta pessoal. Se não, de acordo com Tiago, seremos como o homem que observa o rosto no espelho, vai embora e diz “Oh, não estou com boa aparência”, mas nada faz a respeito (Tg 1.22).
Deixamos as pessoas vacinadas, de forma que a verdade não consegue penetrar e cortar o coração, porque aplicamos camada após camada de conforto e consolação, mas não as instigamos ao arrependimento ou a crer no Evangelho e obedecê-lo. Chamar alguém à obediência requer tempo.
Em sétimo lugar – busque o poder do Espírito Santo e dependa conscientemente dele. Clame a Deus: “Oh, Senhor, dá-me do teu óleo novo!”.
Sinto muita tristeza ao constatar que em muitos dos nossos círculos de teologia ortodoxa – e digo isso com cuidado, porque conheço algumas maravilhosas exceções – deixa-se pouco espaço para o trabalho misterioso, sobrenatural e sempre novo do Espírito Santo. Nenhum dos teólogos negaria o Espírito Santo. Todos ensinam sobre ele, mas quando se trata dessa obra misteriosa do Espírito para ungir a vida e os lábios do pregador e do ouvinte, surge o temor, o que traz enorme prejuízo.
O Espírito é como o vento, que sopra onde quer e não pode ser encerrado em uma caixa. Temos de clamar a Deus por esse óleo novo do Espírito Santo, porque o poder não está nas palavras que proferimos; não está em nossa eloqüência ou em nossos métodos fantásticos ou ultramodernos. Não é pela força, mas pelo Espírito Santo de Deus, diz o Senhor dos exércitos! (Zc 4.6).
Lembre-se da passagem de 2 Reis 4, quando uma mulher teve um filho por milagre, e esse filho veio a morrer. A mulher foi procurar Eliseu, sabendo que ele, o homem de Deus, podia fazer alguma coisa. Que homem de Deus Eliseu deve ter sido para essa mulher, a ponto de ela acreditar que ele poderia fazer alguma coisa até com um filho morto! E Eliseu enviou seu servo Geazi à frente com seu bordão.
Você consegue imaginar Geazi dizendo: “Tenho o bordão de Eliseu! Já o vi fazendo coisas maravilhosas com ele, e agora está comigo!”. Ele correu na frente de Eliseu e colocou o bastão sobre o rosto do menino morto – e o que aconteceu? Absolutamente nada, porque não são os bordões que trazem vida. A vida não está nas pessoas, nem nas equipes de ministério, nos currículos, nos livros ou nos programas.
Eliseu chegou a essa cena de morte e deitou-se sobre o cadáver do menino – cabeça com cabeça, mão com mão, braço com braço, corpo com corpo, perna com perna. Eliseu orou, e Deus soprou o sopro divino sobre Eliseu e, através de Eliseu, sobre o corpo inerte, e a criança tornou a viver. Esse é o trabalho do Espírito Santo de Deus, quando dispomos nossas vidas – não nossos programas, nossos diplomas, CDs ou retórica – quando nos colocamos, nós mesmos, sobre os corpos sem vida. Clamamos a Deus e dizemos “Oh Senhor, unge com o poder do teu Espírito! Faze com que esses ossos secos vivam novamente, para que se tornem um grande exército!”.
Paulo disse: “Minha palavra e minha pregação nada tinham de persuasiva linguagem de sabedoria humana, mas eram uma demonstração de Espírito e do poder de Deus” (1 Co 2.4-5). Não sei dizer quantas vezes tenho feito a Deus a mesma pergunta que Maria de Nazaré fez ao anjo: “Como há de ser isso?” (Lc 1. 34). Tenho olhado para o Senhor muitas vezes, sentindo seu chamado em minha vida, e perguntado: “Jesus, como pode ser isso? Eu não tenho o que o Senhor está me pedindo para dar”. Mas depois vem aquele maravilhoso versículo em que o anjo diz: “Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra” (v. 35).
É assim que se produz um ministério ungido sob o poder e a sombra do Todo-Poderoso. Somos fracos, inadequados, extremamente pobres, na melhor das hipóteses. Mas possuímos essa fonte ilimitada de graça, que é o Espírito de Deus, disponível para cobrir nossas insuficiências e que jamais se esgota. Podemos voltar e continuar voltando e clamando: “Mais, mais! Óleo novo, óleo novo! Dá-me, ó Deus, óleo novo!”.
E. M. Bounds escreveu: “Sem o batismo no Espírito Santo, nada poderá qualificar o pregador. Ele necessita de poder, poder para trazer à vida os espiritualmente mortos, poder para libertar da escravidão de Satanás, poder para trazer o brilho do meio-dia às trevas profundas do pecado e do inferno. O poder da aprendizagem, o poder da oratória e o poder da mente não capacitam ninguém para essa tarefa”.
CONTINUA ...

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