17 fevereiro 2009

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17/02/09 - 09:03
"Casal Hernandes não deve depor"
Delegado que investiga desabamento da Renascer vai interrogar dirigentes da igreja que estão no Brasil.




A 1ª Seccional da Polícia Civil de São Paulo, responsável pelo inquérito que apura as causas do desabamento do templo-sede da Igreja Renascer em Cristo, anunciou ontem que não vai colher depoimentos dos líderes de denominação, Estevam e Sônia Hernandes. De acordo com o delegado Dejair Gomes Neto, responsável pela apuração das causas da tragédia ocorrida no dia 18 de janeiro no bairro do Cambuci, região central da capital paulista – que deixou nove mortos e mais de cem feridos –, a preferência será dada ao interrogatório dos dirigentes da igreja no Brasil, como os bispos Geraldo Tenuta, deputado federal pelo DEM-SP e presidente em exercício da denominação, e José Bruno. O casal Estevam e Sônia, respectivamente apóstolo e bispo da organização religiosa, encontram-se retidos em território americano pela Justiça dos Estados Unidos. Eles cumprem pena nos EUA por haverem entrado no país com dinheiro não declarado, há dois anos.
“Em princípio, não há necessidade de ouvir os dois. Um depoimento por carta rogatória à Justiça de outro país não leva menos de seis meses”, avalia o delegado. Ele já expediu ofício à Câmara dos Deputados pedindo autorização para tomar o depoimento de Tenuta, que como parlamentar tem foro privilegiado. Até agora, 80 pessoas foram ouvidas no inquérito – além dos responsáveis pela igreja, vítimas do desabamento e moradores da região onde ficava o templo, na Avenida Lins de Vasconcelos. O laudo do Instituto de Criminalística sobre as causas do acidente deve ficar pronto somente no início de março.
Seja qual for o desfecho do caso, uma guerra de interesses já está tomando forma. A associação de moradores quer que o local onde ficava o templo seja desapropriado e transformado em um memorial às vítimas. Há muitos anos, vizinhos do templo se diziam prejudicados pelo movimento e barulho provocado pela aglomeração de fiéis, e agora veem na tragédia uma oportunidade para se livrarem da Reanscer. Eles prepararam um abaixo-assinado para que a igreja não se reinstale no terreno. Gilberto Amatuzzi, presidente da Associação de Preservação do Cambuci e Vila Deodoro, disse que já havia encaminhado há dez anos uma denúncia ao Ministério Público sobre a falta de estrutura da igreja no Cambuci.
Se depender da vontade de Estevam Hernandes, contudo, um novo espaço de cultos, ainda maior que o anterior, que era adaptado em um antigo cinema, será erguido no mesmo local. O dirigente disse que o projeto já foi encomendado e até lançou uma campanha de arrecadação de fundos entre os membros para iniciar a construção. Os moradores disseram que ouviram dos funcionários da empresa Diez, que faz a demolição, a informação de que o prédio não será totalmente demolido. Segundo eles, a Renascer não iria desmontar a parede dos fundos da igreja, que fica atrás do antigo altar, para reconstruir o templo nos mesmos moldes do anterior.


(Com reportagem de O Globo)

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