17 fevereiro 2009

Mundo a Fora

17/02/09 - 08:57
"Sem oração nos hospitais"
Serviço de saúde britânico baixa norma restringindo conversas sobre religião entre profissionais e pacientes.


O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês) anunciou que os profissionais que falarem sobre religião com os pacientes podem perder o emprego. A medida oficializa um posicionamento informal que já vinha sendo adotado pelo órgão e que levou à repreensão da enfermeira Caroline Petrie, caso que ganhou repercussão. Ela foi suspensa sem vencimentos pela empresa em que trabalhava, que presta assistência médica domiciliar, em dezembro do ano passado, porque perguntou a uma paciente de 79 anos a quem atendera se podia orar por sua recuperação. A mulher não apenas recusou a oferta como comentou a situação com outra enfermeira, que relatou o caso a seus superiores. Além de ficar sem o salário, Caroline foi obrigada a frequentar um curso sobre “igualdade e diversidade” antes de reassumir suas funções.
O documento do NHS alerta aos profissionais de saúde pode falar sobre religião com pacientes pode ser considerado incômodo ou intimidação. “É aceitável oferecer apoio espiritual como parte do tratamento quando o paciente pedir. Porém, para as enfermeiras, cujo principal papel é fornecer cuidados de enfermagem, a iniciativa deve ser do paciente, e não da enfermeira”, destaca um trecho do documento. A norma adverte que médicos e enfermeiros que demonstram “má conduta” podem ser demitidos, inclusive aqueles que atuam em instituições de caráter confessional ou mantidos por entidades cristãs, como os hospitais Londres Saint Barth e Saint Thomas.
A polêmica acarretada pelo caso foi tão grande que o NHS cita Caroline em seu comunicado: “Enfermeiras como Caroline Petrie não precisam colocar sua fé de lado, mas crenças e práticas pessoais devem ser secundárias às necessidades e crenças do paciente, e aos requisitos da prática profissional”, continua a instrução do Serviço Nacional de Saúde. “Estamos felizes por tomarmos esta posição clara de modo que Caroline e outros funcionários continuem a oferecer cuidado de alta qualidade para os pacientes enquanto continuam comprometidos com suas crenças.”
Ela já foi convidada a retornar ao trabalho, mas quer saber se sua crença será aceita. “Não estou certa de querer voltar antes de saber quais serão as implicações. Gostaria de saber quais são os termos antes de tomar minha decisão”, diz a enfermeira, de 45 anos. Crente batista, ela se converteu dez anos atrás, após a morte de sua mãe. “É muito difícil não perguntar aos pacientes se eles querem que eu ore por eles quando acredito que a oração é eficaz para os doentes”, frisa Caroline. “É uma questão de consciência para mim. Eu não deveria escolher entre ser uma cristã ou ser uma enfermeira.”

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