14 abril 2009

14/04/09 - 10:27
(Parte 02)
"Unção Divina para Ministrar a Palavra"
Quem precisa da unção?
Necessitamos da unção do Espírito para tudo o que Deus nos chamou a fazer no seu serviço. Aqueles que pregam e ensinam a Palavra de Deus precisam da unção do Espírito Santo, assim como todos os demais que a proclamam de forma não tão pública, como no aconselhamento, discipulado e evangelização pessoal.
Para partilhar o Evangelho, todos necessitamos da unção de Deus cada vez que abrimos nossa boca para ajudar ou dar uma palavra na vida de alguém. Para sermos pais, desde a fase de bebezinho até a de adulto, precisamos da unção do Espírito.
Temos necessidade dessa unção para qualquer serviço – seja para participar de equipes de louvor, para dirigir um culto, para dons de administração, socorros ou misericórdia. Seja qual for a forma de servir a Deus, há necessidade do óleo do Espírito. Resultados espirituais nunca virão por meios naturais.
Embora a unção do Espírito Santo seja um dos ingredientes mais imprescindíveis do ministério, no mundo evangélico do século 21 é também um dos mais negligenciados, desprezados e ausentes. A unção nada tem a ver com nossas habilidades naturais – e tudo a ver com a infusão sobrenatural do Espírito Santo.
Tenho presenciado manifestações inconfundíveis da mão e do sopro sobrenatural de Deus sobre pessoas cujos dons e capacidades eram apenas medianos, ou até inferiores à média. Como se explica isso? Somente por meio da unção e o poder do Espírito Santo.
Qual é a nossa parte?
A unção é obra e dom de Deus. Se assim é, qual a nossa parte nisso? Como podemos cooperar com Deus para receber tal unção do Espírito? Há vários elementos que têm relação com a unção, os quais, em meu entender, podem ser classificados em dois aspectos. Primeiro, o aspecto da vida ungida, ou seja, minha preparação pessoal para o ministério da Palavra. Depois, o aspecto de Deus conceder lábios ungidos para proclamar poderosamente a Palavra de Deus, seja para uma única pessoa, seja para uma multidão.
Uma vida ungida
Uma vida ungida é o fundamento tanto para a preparação da mensagem como para sua proclamação. A preparação da mensagem é fundamental, mas se não tivermos, em primeiro lugar, uma vida ungida e dedicada a estudar e buscar o Senhor, toda a nossa proclamação será vazia. Não terá a unção do Espírito Santo.
Lemos como Esdras preparou seu coração, determinando que estudaria a lei de Deus e ensinaria seus estatutos e ordenanças em Israel. Primeiro se dispôs a aprender – a praticar e ter uma mensagem de vida – para só então proclamá-la.
O Salmo 39.3 diz: “Meu coração queimava dentro de mim, ao meditar nisto o fogo se inflamava, e deixei minha língua falar”. Quantas vezes usamos nossas línguas para falar, seja a uma pessoa só, seja a um grupo, sem que antes esse fogo tenha ardido no coração! Se quisermos uma vida ungida, precisamos deixar Deus falar conosco antes de comunicar sua Palavra a outrem.
Lemos sobre Moisés, que comparecia ao lugar determinado (à tenda ou ao monte) e falava com o Senhor, para só depois sair e transmitir aos filhos de Israel tudo aquilo que Deus lhe havia falado.
No final de 1 Samuel 3 e início do capítulo 4, há uma progressão que é preciosa e poderosa. O texto diz ali que o Senhor se revelou a Samuel pela sua palavra. O Senhor falava a Samuel e, depois, a palavra de Samuel saía para todo Israel. Lemos ali também que o Senhor não permitia que nenhuma de suas palavras caísse em terra.
Tenho buscado a Deus exatamente para isso, para que ele conceda, em sua maravilhosa graça, que nenhuma palavra do seu chamado para mim caia por terra. Isso faz com que eu tome muito cuidado com as palavras, para ter certeza de que Deus falou, de que ouvi sua Palavra antes de proclamá-la.
Foi exatamente isso que aconteceu com Ezequiel. “Mas tu, filho do homem, ouve o que te digo... abre a boca e come o que eu te dou” (Ez 2.8). Em seguida, Deus estendeu-lhe um rolo escrito em que havia palavras de lamentação, angústia e julgamento. Não eram palavras doces. E então Deus lhe disse: “Come este rolo e vai falar com a casa de Israel... Tudo quanto eu te disser, recolhe em teu coração, ouve com toda atenção. E vai... ao teu povo e dize-lhe” (Ez 3.1,10-11).
Comer o rolo é, simbolicamente, trazer a Palavra de Deus para dentro de nós, digeri-la, internalizá-la até que ela queime em nosso interior com fogo inextinguível. Primeiro, a paixão de Deus precisa encher a nós mesmos, antes de podermos proclamar sua Palavra com poder.
Depois de ouvirmos de Deus, nossas vidas precisam encarnar, ilustrar e demonstrar aquilo que vamos proclamar. Se a verdade não mudou nada em nós mesmos, provavelmente não mudará em mais ninguém. Voltando a 1 Tessalonicenses 1.5-6, diz o apóstolo Paulo: “Bem sabeis quais fomos entre vós por amor de vós. E vós vos tornastes imitadores nossos e do Senhor.” “Vós e Deus sois testemunhas de quão santa, justa e irrepreensivelmente nos portamos para convosco que credes” (1 Ts 2.10). Paulo compreendeu a importância de se viver a mensagem. Por isso, podia dizer “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo”. Podemos dizer que a maioria das pessoas nas igrejas cristãs, onde se preza tanto a pregação bíblica, não coloca em prática os ensinos e mensagens que ouve. Uma das razões disso é que não vêem as verdades encarnadas na vida dos pregadores. Oswald Chambers disse “Antes de a mensagem de Deus libertar outras vidas, a libertação tem de ser real na sua”.
Na vida pública, tudo o que fazemos está sendo observado. As pessoas examinam, avaliam e, às vezes, interpretam mal. Porém o meu maior temor, no sentido mais positivo dessa palavra, é em relação àquele dia em que cada detalhe, por menor que seja, de minha conduta será descoberto e exposto diante dos olhos de Deus, que tudo vêem, tudo sabem e tudo perscrutam. Ele enxerga, mesmo agora, aquilo que as multidões não vêm – quem eu sou nos bastidores, nos lugares privados, nos recantos secretos do meu coração, nos esconderijos de meus pensamentos mais resguardados. Eu sei que se minha vida não encarnar, até mesmo no mais recôndito do meu ser, a verdade que estou proclamando, perderei a unção e o poder do Espírito Santo em meu ministério público.
CONTINUA...

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