11 março 2009

Artigos


"O Chamado da Compaixão"
“Ao desembarcar, viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-se deles...” (Mc 6.34).

O significado da palavra compaixão, na língua original, é ser movido nas entranhas, porque, no Oriente, acreditava-se que era essa a sede do amor e da piedade. Observamos, pelas Escrituras, que todas as vezes em que Jesus foi tocado pela compaixão, ele agiu!

A ação autentica a compaixão!

Vivemos num mundo que caminha velozmente em direção ao egocentrismo acentuado, e compadecer-se do outro tornou-se um caminho raro. No entanto, a proposta que aponta Jesus como o nosso padrão de valores, princípios, atitudes e vida conclama um andar oposto ao da “normalidade”.

Quando nossa vida é afetada pela compaixão, Deus encontra em nós lugar para suas “chamadas emergenciais”; ele passa a ter espaço para dividir conosco aquilo que o aflige e fará isso a qualquer hora sabendo que responderemos positivamente.

A que terríveis situações os olhos de Deus contemplam, e como estes mesmos olhos procuram pessoas com quem compartilhar a sua dor?

Como Deus vê os assassinatos ocorridos semanalmente no México, que, este ano, contabilizou mais de 5 mil mortos relacionados ao crime organizado?

O que dizer do aumento assustador de crianças vítimas de pedofilia, tendo como maior aliado a Internet? O Jornal O Globo afirmou que, até o momento, a CPI da pedofilia já catalogou 8 mil páginas no Orkut com exploração de crianças.

E o infanticídio indígena que tem ocorrido em nosso país de forma brutal e pouco divulgada? Segundo a pesquisa de Rachel Alcântara, da UNB, só no Parque Xingu são assassinadas cerca de 30 crianças todos os anos. E, de acordo com o levantamento feito pelo médico sanitarista Marcos Pellegrini, que, até 2006, coordenava as ações do DSEI-Yanomami em Roraima, 98 crianças indígenas foram assassinadas pela própria mãe em 2004. Em 2003, foram 68, fazendo dessa prática cultural a principal causa de mortalidade entre os yanomami.

Como Deus assiste aos gritos de milhares de meninas que vivem nos mais de 25 países da África em que a terrível e agonizante circuncisão feminina é praticada, levando muitas delas à morte por hemorragia ou a infecções crônicas que durarão a vida toda?

O controle de natalidade na China, o país mais populoso do mundo, tem levado à prática do aborto ou ao abandono. De acordo com estatísticas oficiais, 97,5% das crianças abortadas são meninas, e não são poucas as histórias envolvendo um forte descaso com a vida. Como fica o coração de Deus?
Os dados do tráfico de crianças, mulheres e homens para prostituição apontam que Moçambique destaca-se dentre os países da África Austral nessa prática.

Cerca de 1 milhão de pessoas se suicidam por ano em todo o mundo; duas a cada minuto.

Sendo tais realidades tanto cruéis quanto reais, a pergunta é: O que fazer?

Podemos manter uma atitude conformista e declarar: “Assim caminha a humanidade...” Ou podemos perceber que nós mesmos estamos trilhando essa jornada, que ela faz parte de nossa geração, e que, sendo assim, o envolvimento é uma responsabilidade nossa!

Olho para tais estatísticas como aquele relato de Lucas 10 sobre o homem a caminho de Jericó que caiu nas mãos de salteadores, sendo roubado e ferido. Ele estava ali. Era um fato! Três homens passaram por ele, todos com características em comum: seguiam seu caminho e viram o ferido.

Apenas um fator produziu diferença entre eles: a compaixão.

“Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto, e, vendo-o, compadeceu-se dele”.
À semelhança do Filho de Deus, o samaritano compadeceu-se, e isso o levou ao envolvimento, à generosidade, à ação!

Esse é o chamado!

Em meio a tantos homens feridos pelo caminho, podemos passar de largo, e, na verdade, isso é muito mais fácil e cômodo. Mas, se compreendermos a responsabilidade que temos, seremos tomados de compaixão, dobraremos os joelhos, empenharemos os recursos de que dispomos e doaremos a vida para que o Senhor afete a história do mundo através de nós. Dessa forma, estaremos atendendo à exortação de Jesus no final da história:

“Vai e procede tu de igual modo”.

por Ariadna Faleiro de Oliveira

Nenhum comentário:

Postar um comentário