19 fevereiro 2009

Ulitmas Notícias

19/02/09 - 10:43

"Novelas globais estimulam divórcios"
Pesquisa mostra que valores flexíveis mostrados nos folhetins influenciam sociedade brasileira.


Que as novelas da Rede Globo de televisão usam e abusam de temáticas explorando a infidelidade conjugal, e o adultério, todo mundo sabe .Não é de hoje que muita gente – e os crentes, em particular – queixa-se do que consideram uma péssima influência sobre os valores da família veiculada pelos folhetins da maior e mais poderosa emissora de TV do país. Mas agora, o que todos sempre desconfiaram ganhou ares mais oficiais: as novelas da Globo colaboram para o aumento do número de divórcios no Brasil. Um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento, o BID, aponta uma ligação entre as novelas e o aumento dos casos de separações.
A pesquisa fez um cruzamento de informações extraídas dos recenseamentos realizados no país nas décadas de 1970, 80 e 90, cruzando-as com os dados sobre a expansão da Rede Globo, cujo sinal hoje alcança 98% dos municípios brasileiros. Segundo os autores do estudo, Alberto Chong e Eliana La Ferrara, “a parcela de mulheres que se separaram ou se divorciaram aumenta significativamente depois que o sinal da Globo se torna disponível” nas cidades do país. Isso aconteceria diante da cultura de descompromisso conjugal mostrado nas telenovelas, onde os galãs mais festejados são justamente aqueles que trocam de cônjuge em nome da busca pela felicidade. Além disso, a pesquisa descobriu que esse efeito é mais forte em municípios menores, onde o sinal é captado por uma parcela proporcionalmente mais alta da população local. Os resultados sugerem que essas áreas apresentaram um aumento de 0,1 a 0,2 ponto percentual na porcentagem de mulheres de 15 a 49 anos que são divorciadas ou separadas.
“O aumento é pequeno, mas estatisticamente significativo”, aponta Chong. Os pesquisadores vão além e dizem que o impacto é comparável ao de um aumento em seis vezes no nível de instrução de uma mulher. Isso porque a porcentagem de mulheres divorciadas cresce com a escolaridade. Desde os anos 60, quando esse gênero televisivo começou a se popularizar, uma porcentagem significativa das personagens femininas não reflete os papéis tradicionais de comportamento reservados às mulheres na sociedade. Foram analisadas 115 novelas transmitidas pela Globo entre 1965 e 1999. Nelas, 62% das principais personagens femininas não tinham filhos – e a redução da natalidade foi outro traço observado na pesquisa do BID – e 26% eram infiéis a seus parceiros. Paralelamente, nas últimas décadas, a taxa de divórcios aumentou muito no Brasil, apesar do estigma ainda associado à dissolução do casamento. Hoje, de cada quatro casamentos, um terminará em divórcio. Isso, segundo os pesquisadores, torna o país um “caso interessante de estudo”. “A exposição a estilos de vida modernos mostrados na TV, as funções desempenhadas por mulheres emancipadas e a uma crítica aos valores tradicionais mostrou estar associada aos aumentos nas frações de mulheres separadas e divorciadas nas áreas municipais brasileiras”, frisa a pesquisa.

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