05 fevereiro 2009

"A Edificação da Igreja"
(Jorge Himitian)


O plano de Deus é edificar a Igreja; isso é o que Deus se propôs. Interessa a todo arquiteto que seu projeto se realize exatamente conforme foi projetado. E isso é o que o Senhor quer. Agora. Como se edifica a Igreja? Eu quero destacar seis coisas que Paulo mostra de maneira direta ou indireta em sua 1a. epístola a Timóteo.
O Amor
A primeira coisa que Paulo mostra a Timóteo é que a Igreja se edifica pelo amor. “Pois o propósito deste mandamento é o amor nascido de coração limpo, e de boa consciência, e de fé não fingida” (1Tm1:5). Paulo está dizendo: “Timóteo, cuidado com todas as palavras e os ensinos que geram disputas e não realizam o plano de Deus; não é a edificação de Deus”. Também foi Paulo quem disse: “o conhecimento envaidece, mas o amor edifica” (1Co8:1). É importante que tenhamos conhecimento e que possamos transmitir, mas somente o conhecimento, pode nos envaidecer. Paulo não está defendendo a ignorância, está defendendo o amor. O amor edifica. E se ao amor agregarmos conhecimento, Maravilhoso! Mas o importante aqui é o amor. Em Efésios 4 Paulo diz: “todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função”
A Igreja se edifica em amor. Irmãos, podemos ter grandes revelações, podemos ter tal fé que transporte montes, podemos conhecer todos os mistérios e ter todos os dons e carismas, mas sem amor, de que nos serve? Seremos como o metal que ressoa ou o címbalo que retine. Nada pode suplantar o amor. Deus é amor, e onde há amor Deus está, e no meio da fraternidade edifica a Igreja. Se tu queres contribuir para a realização do plano de Deus, ama a teus irmãos! O amor edifica. A Igreja vai se edificando em amor.
O que é edificar? Além do conceito da edificação individual, edificar significa unir pedra com pedra. Alguém pega uma pedra, lhe põe argamassa e a une a outra pedra. Edificar é unir pedra com pedra, e assim vai se levantando a parede. E disse o apóstolo Paulo: “Qual é o vínculo perfeito que vos une? O amor!”. Assim, quando estamos amando-nos, a Igreja está se edificando. Não é por muitas e eloqüentes palavras. A palavra tem seu lugar, com já veremos, mas primeiro vem o amor.
Agora, irmãos, o amor é fruto do Espírito. Esta palavra “amor”, vocês já sabem, é ágape, que é amor de Deus. É um amor que pensa no bem do outro, que se sacrifica para o bem do outro, que se entrega, que procura de todas as maneiras servir, abençoar. Isso é o que Deus fez conosco. Esse ágape, disse Paulo, “foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo”. Deus é amor. O espírito Santo é Deus morando em nós. E como Deus é amor, o Espírito Santo é amor. Ele derrama este amor em nossos corações, e este amor flui, nasce, brota, de um coração limpo. “O propósito deste mandamento é o amor nascido de coração limpo”, disse Paulo, “de boa consciência, e de fé não fingida”.
Jesus disse, falando do Espírito Santo: “o que bebe da água que eu lhe der, se fará nele uma fonte que jorra para a vida eterna”. Também disse: “Quem crê em mim, do seu interior fluirão rios de água viva”.E Paulo disse que é o amor nascido de um coração limpo. Este é o Espírito Santo morando em nós, a vida de Deus fluindo para os irmãos, para os novos, para os antigos, para todos. Este é o amor do Senhor.
Quando pecamos, o Espírito se entristece em nós. Ele é muito sensível e deixa de fluir. Se apaga. Por isso diz: “o amor nascido de coração limpo”. É importante manter o coração limpo. E diz também “de boa consciência”. O que é uma boa consciência? É esse conhecimento que temos de nós mesmos. Quando pecamos, o Espírito se entristece, se apaga. Nossa consciência, se é boa, quer dizer, se funciona bem, nos chama a atenção. Quando pecamos, acende-se uma luz vermelha em nosso interior. É como o apito do árbitro que soa em uma partida. É importante que obedeçamos a nossa consciência. Quando ela nos diz: “o que fizeste é errado, o Espírito se entristeceu dentro de ti”, precisamos obedece-la.
Não somos perfeitos, todos pecamos. Muitas vezes pecamos com palavras. A própria palavra do Senhor nos insta a não pecar, mas se pecamos, indica qual é o caminho para limpar nosso coração. Se pecamos, ofendemos, lastimamos, mentimos, roubamos, ou fizemos qualquer coisa que desagrada a Deus. Necessitamos obedecer nossa consciência, obedecer também a Deus e confessar nosso pecado. Se não obedecemos, a consciência segue dizendo-nos: “O que fizeste está errado”. Mas se endurecermos o coração ao chamado da consciência, vamos ficando insensíveis.
Parece que quando pecamos, a consciência atua mais forte, e se não a atendemos, vai suavizando, até que pode chegar o momento em que já é uma coisa muito leve que acontece conosco. Temos que tomar o cuidado de não rejeitar o trabalho da nossa consciência.
Veja o que disse Paulo a Timóteo nos v18 a 20: “Timóteo, meu filho, dou-lhe esta instrução, segundo as profecias já proferidas a seu respeito, para que, seguindo-as, você combata o bom combate, mantendo a fé e a boa consciência que alguns rejeitaram e, por isso, naufragaram na fé. Entre eles estão Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar”. Este quadro é tremendo. O que é que eles rejeitaram? Himeneu e Alexandre parece que pecaram, e suas consciências eram boas. Ela os advertiu uma e outra vez, mas eles a rejeitaram, e ao rejeitarem a consciência, naufragaram na fé.
Que tem a ver a fé com a boa consciência? Tem muito a ver, porque a fé também é fruto do Espírito. É o Espírito que produz em nós o amor e é o Espírito que produz em nós a fé. E aqui Paulo usa uma figura marítima, o naufrágio. Sabe como se produz um naufrágio? Imaginemos um bote e alguém que ai remando e de repente percebe que se fez em seu barco um pequeno furo e que está entrando água. Quando pecamos, se faz um furo em nosso bote e começa a entrar água. Que temos que fazer? Consertar, e não seguir assim. A princípio, parece que tudo vai bem, e o bote flutua. Mas continua entrando água devagar.
Assim é quando pecamos: a consciência nos adverte, e nós a rejeitamos. E seguimos pregando, seguimos cantando, seguimos orando. Parece que tudo segue igual, nada muda. Mas de um momento a outro, o que acontece com esse bote? Quando o peso da água já é suficiente, em um instante o bote afunda.
É importante ter esta prática em nossa vida: obedecer à voz da consciência, obedecer ao Senhor em Sua Palavra, confessar nossos pecados. Se você ofendeu sua esposa, seu marido, se disse alguma mentira a algum irmão, a seu patrão, ou a algum empregado, se cometeu algum pecado sexual em segredo, se viste na televisão ou na Internet alguma coisa indecente – e hoje há muita – sua consciência foi manchada, sua consciência o incomoda, você fez o que não devia, olhou o que não devia olhar. Deus não o condena, guia-o ao arrependimento.
Confesse seu pecado as pessoas envolvidas, e a um dos irmãos. “confessai vossas faltas uns aos outro,e orai uns pelos outros para serem curados”. Este amor é o que edifica a Igreja, e este amor nasce de um coração limpo, de uma boa consciência e de uma fé não fingida. Dessas coisas desviando-se alguns apartaram-se a palavras vãs, mas no coração não estão crendo no que dizem.
O amor é de Deus, não é obra nossa. É Cristo em nós. Necessitamos viver no Espírito 24 horas por dia, pra que o Espírito flua em nós e este amor edifique a Igreja.
A Oração
A segunda coisa que Paulo ensina aqui que edifica a Igreja, e não só a Igreja, mas que necessitamos também em nossa responsabilidade ante o mundo, está no capítulo 2: “Exorto-vos antes de tudo, que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens” e segue falando como devemos orar pelos reis, pelas autoridades. No versículo 8 ele diz: “quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem discussões”. Irmãos, a Igreja se edifica pela oração. O que é a oração? É o testemunho mais eloqüente de nossa incapacidade e debilidade.
Por que oramos? Nós não podemos edificar a Igreja, não podemos sequer converter um menino de oito anos, nem podemos transformar o pecador. Não podemos dar crescimento; podemos plantar e regar, mas não podemos dar crescimento. Podemos pregar, mas não podemos dar espírito de sabedoria e revelação. É obra de Deus.
A edificação da Igreja é obra de Deus, não é obra humana. E nós temos que orar como testemunho de humildade e incapacidade. “Senhor eu não posso. O único que pode edificar, o único que pode mudar, transformar, visitar, abençoar, revelar, dar dons, és tu!”. Nos prostramos diante Dele para dizer: “Senhor, se tu não fizeres, ninguém pode fazer”. Temos que orar com súplicas, petições e ações de graças.
Irmãos, para que a Igreja seja a Igreja que Deus planejou desde antes da fundação do mundo, necessitamos orar a sós, a dois, em grupos pequenos, com toda a congregação, e em todo lugar. Paulo disse: “quero que os homens orem em todo lugar”. Irmão, quando comes, oras; quando diriges, oras; quando trabalhas, oras; quando vais, quando vens, quando caminhas, quando dormes... Em todo tempo podes estar orando, ao deitar-te ao levantar-te. A Igreja se edifica pela oração.
O Exemplo
Terceira coisa. Ao ler está epístola encontro algo muito importante: A Igreja se edifica pelo exemplo, pelo bom exemplo. Jesus era exemplo em tudo aquilo que ensinava. Ele podia dizer a seus discípulo: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”, “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Amados, a Igreja se edifica pelo exemplo.
No capítulo 3, Paulo diz a Timóteo: “Se alguém deseja ser bispo http://, deseja uma nobre função. É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, moderado, sensato, respeitável, hospitaleiro e apto para ensinar..." em outras palavras, em resumo: que seja um exemplo na Igreja. É o que Pedro disse em sua primeira epístola, no capítulo 5. A Igreja se edifica por modelos. Nós que estamos a frente, e todos que temos alguma responsabilidade, e todos que temos que ensinar a outros. A forma de edificar a Igreja é através do exemplo.
Por que? Porque as pessoas não vão seguir seu ensino, vão seguir seu exemplo. Você pode, no início, impressionar bem aos novos com seu ensino e pregação, mas com o tempo vão seguir seu exemplo. Assim, Paulo nos diz como tem que ser os anciãos ou bispos, como tem que ser os diáconos, como tem que ser a mulheres, e finalmente diz a Timoteo: “Ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem, mas seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza”. Timóteo, sim, tens que ensinar; sim, tens que instruir, mas é fundamental que seja um exemplo. A Igreja se edifica pelo exemplo.
Vejam, irmãos, estive estudando esta carta, e encontro muitas virtudes de caráter que se mencionam aqui. Virtudes de caráter. O que é caráter? É o que nós somos, nossa forma de ser. Não é tão importante o que fazemos, mas sim o que somos, como somos e atuamos. Nestes 6 capítulos são mencionadas cerca de 60 virtudes de caráter. Desafio você a encontra-las e estuda-las. Só quando se fala de bispos e diáconos, há um montão de virtudes de caráter, e a Timóteo fala várias outras. Não temos tempo para entrar em detalhes, mas em essência, Paulo está afirmando este princípio: A Igreja se edifica primeiro pelo amor, segundo, pela oração, terceiro, pelo exemplo.
Que equivocadamente nos têm ensinado: “Não tem que olhar para os homens, tem que olhar para Cristo”. E quanto de nós, pastores, dissemos nos anos de nossa ignorância ministerial: “Não olhe para mim, olhe para Cristo”. Paulo não dizia isso. O que ele dizia? “Sejam meus imitadores como eu sou de Cristo”. Se você critica os irmãos ausentes, os novos vão aprender a criticar, se você critica quem não está presente, seus filhos vão fazer o mesmo. Se você reclama, os que estão próximos a você vão aprender a reclamar. Se fala palavras de esperança, de fé, de ânimo, de vitória... Ensina com o exemplo. Como nós somos, assim serão as gerações que virão.
Paulo diz a Timóteo: “Você, porém, homem de Deus, fuja de tudo isso”, falando do amor ao dinheiro, que é a raiz de todos os males, “e busque a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança e a mansidão”. Se você é egoísta, os que virão serão egoístas; se você é avarento, isso se imporá sobre a Igreja. Se você é generoso, dadivoso, serviçal, os que te seguem vão aprender a ser assim também. Os que vêm do mundo estão olhando e observando, e necessitam referência. A Igreja se edifica pelo exemplo. “Seja exemplo para os crentes”. Em que? Em tudo! Em palavra, em conduta, em amor, em espírito, em fé, em pureza. Tudo que quiser ver nos outros, seja exemplo do que você entende que deve ser a Igreja.

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